A broca-do-café, Hypothenemus hampei, é uma das pragas mais devastadoras da cafeicultura mundial, afetando lavouras em diversas regiões produtoras de café. Originária da África Central e introduzida no Brasil por volta de 1913, essa praga causa danos irreparáveis aos cafezais e prejuízos econômicos que podem ultrapassar os 350 milhões de dólares por ano.
Apesar de afetar principalmente o café conilon, a broca-do-café também representa uma ameaça significativa ao café arábica. O monitoramento constante e a adoção de práticas adequadas de manejo são fundamentais para o controle dessa praga, que pode atacar os frutos em qualquer estágio de maturação.
Como Identificar a Broca-do-Café?
O adulto da broca-do-café é um besouro de coloração preta, medindo entre 1,2 mm (machos) e 1,7 mm (fêmeas). Ele se caracteriza por um corpo cilíndrico, ligeiramente curvado na região posterior, e pelo par de asas (élitros) que possuem cerdas e escamas piriformes (em forma de pêra). Os danos ao café são evidentes pela presença de pequenos orifícios na região da coroa do fruto, causados pela fêmea ao ovipositar seus ovos no grão.
Ciclo de Vida da Broca-do-Café
O ciclo de vida da broca-do-café é complexo, com de 4 a 7 gerações por ano. A fêmea adulta, após acasalar no interior do fruto, começa a buscar novos frutos para perfurar e ovipositar. Durante o desenvolvimento das larvas, elas se alimentam do interior do grão, prejudicando sua qualidade e, consequentemente, a produção. O ciclo pode durar de 17 a 46 dias, dependendo das condições climáticas.
Lavouras de café em regiões de baixa altitude e áreas com irrigação ou proximidade de represas são mais suscetíveis ao ataque da praga, especialmente se o manejo das colheitas não for adequado.
Danos Causados pela Broca-do-Café
Os danos da broca-do-café são tanto quantitativos quanto qualitativos. O ataque da praga reduz o peso dos grãos e compromete a qualidade do café, uma vez que as galerias formadas pela broca servem de entrada para fungos e bactérias que apodrecem os frutos. Em casos de altas infestações, as perdas podem chegar a 80% da produção.
Além disso, a presença de grãos brocados aumenta o número de defeitos na classificação do café, alterando a qualidade da bebida e reduzindo seu valor comercial.
Monitoramento e Manejo da Broca-do-Café
O monitoramento da broca-do-café é uma das ferramentas mais eficazes no controle dessa praga. A instalação de armadilhas, como garrafas pet pintadas de vermelho com líquidos atrativos (etanol, metanol e café torrado), ajuda a identificar o momento do ataque. Além disso, a avaliação dos talhões deve ser feita periodicamente, verificando a infestação dos frutos.
Manejo Integrado
O controle da broca-do-café exige a combinação de métodos culturais, biológicos e químicos:
- Controle Cultural: A colheita bem-feita e o “repasse” nas lavouras, que remove frutos brocados e evita a propagação da praga, são fundamentais. A destruição de lavouras abandonadas também é uma prática recomendada.
- Controle Biológico: A utilização de inimigos naturais, como a vespa-da-costa-do-marfim (Cephalonomia sp.) e o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, tem se mostrado eficaz no controle da praga.
- Controle Químico: A aplicação de inseticidas, como ciantraniliprole, abamectina e espinosade, é recomendada para talhões com infestação de 3 a 5%, pois esses produtos apresentam efeito residual e garantem a eficiência do controle.
Apesar dos avanços no controle da broca-do-café, essa praga continua a representar uma grande ameaça para a cafeicultura global. O manejo integrado, com monitoramento constante e a adoção de práticas culturais adequadas, é essencial para controlar a infestação e minimizar os danos causados pela Hypothenemus hampei. Com o monitoramento e controle corretos, é possível proteger as lavouras e garantir uma produção de café de qualidade.