De ferramentas militares a aliados tecnológicos no campo, os drones têm uma trajetória marcada por inovação, estratégia e transformação. Hoje, são peças-chave na agricultura de precisão, principalmente na aplicação agrícola remota. Mas como tudo começou?

O que é um Drone?

A palavra “drone” vem do inglês e significa “zangão”, por conta do zumbido característico produzido durante o voo. Embora o termo seja amplamente utilizado, trata-se de um apelido popular para designar qualquer objeto voador não tripulado. Tecnicamente, o nome correto é VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado, ou UAV – Unmanned Aerial Vehicle em inglês.

Segundo a Força Aérea Brasileira (2015), drones são definidos como “qualquer objeto voador não tripulado, seja ele de qualquer propósito – profissional, recreativo, militar ou comercial.”

Os Primeiros Registros Históricos

O primeiro uso documentado de um veículo aéreo não tripulado ocorreu em 1849, quando o exército austríaco utilizou balões carregados de explosivos para atacar a cidade de Veneza. Esses balões rudimentares são considerados os antecessores dos drones modernos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a tecnologia deu um salto significativo. Em 1944, a Alemanha lançou o V-1 Vergeltungswaffe, um drone armado que atacou Londres, recebendo o apelido de “buzz bomb” devido ao seu som peculiar.

A Revolução de Abraham Karem

A era moderna dos drones teve início com o engenheiro aeroespacial Abraham Karem, nascido em Bagdá, criado em Israel e radicado nos Estados Unidos. Em 1977, Karem fundou a empresa Leading Systems e, com recursos limitados como madeira e fibra de vidro, desenvolveu o Albatross, um modelo que conseguia permanecer no ar por 56 horas com apenas três operadores.

O sucesso chamou a atenção da DARPA, agência de projetos avançados do Departamento de Defesa dos EUA, que financiou a evolução do modelo Amber. Karem é considerado o pai do drone moderno.

Os Drones no Brasil

O Brasil também participou dessa evolução. Em 1983, foi lançado o BQM1BR, primeiro VANT nacional, criado pela Companhia Brasileira de Tratores (CBT) para servir de alvo aéreo.

Outro exemplo de destaque é o Gralha Azul, desenvolvido pela Embravant, com mais de quatro metros de envergadura e autonomia de voo de até três horas.

A História dos Drones Agrícolas

A aplicação de drones na agricultura revolucionou a forma como manejamos lavouras, otimizando tempo, recursos e aumentando a produtividade. A seguir, exploramos os marcos dessa evolução, do Japão ao Brasil.

O Pioneirismo Japonês com a Yamaha

Na década de 1980, a empresa Yamaha iniciou sua atuação no segmento agrícola após ser convidada a desenvolver motores para o Sistema de Pulverização Aérea por Controle Remoto (RCASS), projeto liderado pela Associação de Aviação Agrícola do Japão.

O resultado foi o lançamento do R-50 em 1987, primeiro helicóptero não tripulado para uso agrícola, com capacidade de transportar 15 kg e realizar pulverizações eficazes. O sucesso foi tanto que, em 1991, o Ministério da Agricultura japonês autorizou o treinamento oficial de operadores. Em 2003, o Japão já contava com 9.574 operadores licenciados e mais de 500 mil hectares pulverizados com drones.

A Pesquisa Nacional: Embrapa e USP

Desde os anos 1990, a Embrapa Instrumentação pesquisa o uso de drones com sensores térmicos e multiespectrais. Em 2016, a USP São Carlos desenvolveu um sistema de pulverização inteligente com drones autônomos e sensores integrados a algoritmos de inteligência artificial.

Esses avanços posicionaram o Brasil como um dos países mais promissores na agricultura de precisão.

O Avanço Global e Comercial

• 2014: A empresa chinesa XAG lança seu primeiro drone agrícola, o XPLANET, voltado para pulverização de precisão com tecnologia avançada.
• 2015: A DJI, líder mundial em drones, apresenta o Agras MG-1, amplamente importado no Brasil.
• 2016: A brasileira Skydrones desenvolve o Pelicano, conhecido como Zika Killer, usado no combate ao mosquito Aedes aegypti em Porto Alegre.
• 2017: A XAG lança o modelo P30, com tanque removível e bicos rotativos.
• 2018: A DJI apresenta o T16, com 16 kg de capacidade de carga.

O Cenário Atual (2025)

Com o avanço da tecnologia, os drones agrícolas se tornaram ainda mais potentes:

• A XAG oferece o modelo P150, com 70 kg de capacidade de carga e velocidade de até 18 m/s.
• A DJI lançou o T50, com capacidade de 40 kg e resistência a ventos de até 6 m/s.

Essas evoluções tornaram os drones aliados estratégicos no campo, reduzindo custos, melhorando o rendimento e ampliando a precisão na pulverização de insumos.

Na EAAR – Escola de Aplicação Agrícola Remota, formamos profissionais prontos para pilotar essa nova era tecnológica no campo. O futuro da agricultura já chegou. E voa cada vez mais alto.